Inicio este artigo com uma provocação: Você acha que a Havaianas está na Europa porque é uma gigante? Ou será que ela se tornou uma gigante justamente porque está na Europa?
Eu vou te contar: a segunda opção é a verdadeira. E isso deveria acender um alerta aí dentro de você, empresário que sonha em subir um degrau a mais, escalar o seu negócio e deixar um legado.
A internacionalização não é apenas para empresas grandes — ela é o caminho para se tornar grande.
“Mas e a crise?” — você pode me perguntar. É na crise que muitos crescem. Foi assim que:
- Ford revolucionou a indústria automobilística durante a recessão de 1907;
- Disney nasceu em plena Grande Depressão de 1929;
- Airbnb e Uber surgiram da crise financeira de 2008, transformando setores inteiros;
- Microsoft foi criada em meio à crise do petróleo nos anos 1970.
A crise é o terreno fértil onde mentes ousadas constroem impérios. A diferença? Alguns enxergam problemas. Outros enxergam o mundo inteiro como oportunidade.
Quando uma empresa brasileira decide dar o salto para o mercado europeu, a escolha do país de entrada não pode ser feita apenas com base na “beleza do destino” ou na afinidade cultural — embora esses fatores ajudem. É uma decisão estratégica que impacta tributação, logística, competitividade e até a velocidade de expansão.
A Espanha, nesse cenário, reúne atributos que vão muito além da proximidade linguística e cultural. Ela oferece um pacote de vantagens jurídicas e fiscais que, quando bem estruturadas, podem transformar completamente o posicionamento de uma empresa no mercado europeu.
Primeiro ponto: o Tratado Brasil–Espanha para Evitar a Dupla Tributação. Isso significa que lucros, dividendos e rendimentos gerados na Espanha não serão tributados novamente no Brasil de forma integral — é possível compensar o imposto pago lá, trazendo previsibilidade e segurança fiscal.
Segundo ponto: regimes fiscais diferenciados como a Zona Especial Canaria (ZEC), onde empresas qualificadas pagam apenas 4% de imposto sobre sociedades, e o ETVE (Entidad de Tenencia de Valores Extranjeros), um regime de holding que permite isenção sobre lucros e dividendos recebidos de subsidiárias no exterior — e, muitas vezes, também na distribuição para sócios não residentes.
Terceiro ponto: incentivos robustos à inovação. A Espanha concede créditos fiscais de até 42% sobre gastos com P&D e inovação tecnológica, favorecendo empresas que investem em desenvolvimento, modernização e transformação digital.
Quarto ponto: posicionamento geográfico privilegiado. A partir da Espanha, sua empresa terá acesso pleno ao mercado europeu sem tarifas alfandegárias, além de rotas logísticas estratégicas para o Norte da África e conexões diretas com a América Latina.
Tudo isso somado ao apoio institucional de programas como o ICEX España Exportación e Inversiones, que oferecem suporte técnico e até financiamento para empresas que se instalam no país.
Para a empresa brasileira que busca não apenas exportar, mas construir presença sólida e competitiva na Europa, a Espanha pode ser muito mais que um ponto no mapa. Com a estrutura societária certa — e aqui entra o trabalho estratégico do advogado internacionalista — ela se torna um hub fiscalmente eficiente, juridicamente seguro e logisticamente imbatível.
A internacionalização não é sobre “abrir uma empresa lá fora”. É sobre abrir o caminho certo, no lugar certo, com a estrutura certa. E a Espanha, para muitos setores, é exatamente essa porta.