De Portugal, empresária brasileira vende 36 mil tapiocas por mês para oito países

empresária brasileira em portugal

Certa vez, o pai da empresária brasileira Carla Pavolak, 43, disse o seguinte para ela: Filha, se você um dia quiser abrir um negócio, um das áreas que você pode atuar é com comida, pois as pessoas sempre vão comer.”

Em 2015, com a frase do pai matutando em sua cabeça, Carla e o marido – o administrador de empresas Flavio Mello, 43 – montaram no Brasil a Bhars, empresa de alimentos saudáveis. O primeiro produto lançado e comercializado por eles é um dos principais pratos típicos do país: a tapioca. A iguaria ganhou o nome de Mani Tapioca.

Hoje, a empresa brasileira tem uma filial em Portugal e exporta a iguaria nacional para diversos países, como França, Noruega e Estados Unidos. São 36 mil unidades de tapiocas vendidas, todos os meses, mundo afora. O faturamento mensal não foi revelado.

Carla, que vive em Lisboa, conversou com a gente. Ela falou sobre a vida de empreendedora, contou um pouco sobre empreendedorismo internacional e ainda deu algumas dicas para quem quer se tornar um “brasileuro”, assim como ela.

Carla e marido gastaram 300 euros para abrir empresa em Portugal

Carla e o marido montaram uma filial da Bhars na terra dos nossos colonizadores em 2016.

“Começamos a efetuar vendas em 2018. Entre 2016 e 2018 fizemos pesquisa, nos certificamos e mapeamos o mercado para não entrar como amadores”, disse ela. Vale lembrar que Flavio, o marido dela, é português.

Entre o período de abertura do negócio e a mudança para Portugal o casal vivia em Angola. No país africano, ela prestava serviço para petrolíferas e empresas da área de construção civil por meio de uma agência de publicidade fundada por ela. Carla também atuou como diretora de marketing e comunicação para as companhias. Essa história, no entanto, rende uma matéria à parte.

Voltando ao processo de abertura do negócio em terras lusitanas…. Segundo a empreendedora brasileira, foi tudo muito tranquilo e rápido.

“Levamos a documentação necessária, pagamos 300 euros (R$ 1,9 mil) e a empresa ficou pronta no mesmo dia. Não tivemos que lidar com questões burocráticas sobre imigração, pois meu marido é filho de portugueses e tem cidadania europeia”, disse ela.

É possível abrir empresa em Portugal no site do governo do país. Vale lembrar, no entanto, que pessoas sem cidadania europeia precisam ter um visto de empreendedor para empreender por lá. Aqui neste texto explicamos direitinho como funciona o processo. Já neste post contamos o passo a passo para empreender em Portugal.

Leia também: Visto de empreendedor de Portugal: como tirar, quem tem direito e quanto custa?

Iguaria é exportada para oito países, diz empresária brasileira

Antes de montar a empresa, Carla pensava em lançar algo típico do Brasil. O produto, disse à reportagem do Brasileuro, teria que ser ao mesmo tempo gostoso e saudável. “Vimos que açaí e coco já tinham presença na Europa, então eu e meu marido pensamos na tapioca, que é super versátil e cai bem com tudo”.

A iguaria é preparada por uma empresa terceirizada, localizada em terras brasileiras. Todo o processo de produção é feito no Brasil. Logo depois, o produto é embalado e exportado para os compradores. Há armazéns de distribuição em Portugal e no Brasil.

Hoje, a Bhars vende 36 mil tapiocas por mês. O produto é o único comercializado pela empresa. Os clientes são apenas do atacado. Ou seja, são grandes lojas que revendem o produto para o cliente final.

Além de atacadistas no Brasil, a tapioca chega a empresas de Portugal, Alemanha, Noruega, Alemanha, Holanda, França, Nova Zelândia e Austrália, de acordo com Carla. “Administro tudo por meio do meu próprio celular”, disse a empresária.

Em breve, a empresa deve lançar outros três produtos inéditos e de baixa concorrência.

Como a empresária brasileira conseguiu acessar o mercado europeu?

Carla disse que consegue boa parte de seus clientes ao participar de feiras internacionais da área de alimentação. As principais são a Anuga, que acontece na Alemanha e é considerada a maior feira de alimentos do mundo, e a Sial, que ocorre na França.

Só que ter um stand nesses eventos geralmente custa muito caro, disse ela. Em algumas delas, por exemplo, o preço para expor produtos chega a 100 mil euros (R$ 643 mil).

“Para conseguir participar desses eventos e mostrar meu produto, eu conto com apoio da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Como empresa vitrine, às vezes não pagamos absolutamente nada pelo stand”, disse a empresária brasileira.

A Apex é uma agência brasileira que ajuda empresas nacionais a ganhar mercado no exterior. Para ter apoio da entidade, no entanto, a empresa precisa “estar qualificada” e com condições mínimas para ganhar mercado. Em outras palavras, estar qualificada significa estar pronta para internacionalizar.

Empreendedora brasileira dá dicas para brasileiros que querem empreender na Europa

Empreender dá trabalho. Em outro país, então, o esforço é redobrado. Por isso, segundo Carla, antes de querer ganhar o mundo o empreendedor precisa mergulhar em informações sobre o mercado e o país onde quer atuar.

Minha dica para os brasileiros que querem empreender na Europa é que estudem muito sobre internacionalização de empresas. Além disso, é preciso entender as regras de exportação e conhecer muito bem o país que quer atuar. Não vale a pena tentar ganhar o mercado internacional sem antes conhecer as regras do jogo”.

Leia também: Especialista dá dicas para brasileiros que querem abrir empresa em Portugal

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Sobre o Autor

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Lucas Gabriel Marins

Cofundador e editor do Brasileuro. É jornalista e mestre em comunicação internacional pela Universidade da Borgonha, na França. Já colaborou com diversos veículos de imprensa, como UOL, Gazeta do Povo e Agência Estadual de Notícias (AEN).

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